domingo, 5 de julho de 2015

Totalitarismo e autoritarismo...por profª Alcilene Rodrigues

História e filosofia:

O avesso da democracia: Totalitarismo e Autoritarismo

Na história do mundo sempre existiram tiranias. Em virtude de privilégios, o faraó do Egito, o cesar romano e o rei cristão medieval apropriam-se do poder identificando-o com seu próprio corpo e se tornam intermediários entre os indivíduos e Deus, ou interpretes da Suprema Razão.
Identificado com determinada pessoa ou grupo, o poder personalizada não é legitimado pelo consentimento da maioria e depende do prestigio e da força dos que possuem. Trata-se da usurpação do poder, que perde o seu lugar público quando é incorporado na figura do governante.
Como exemplos atuais, vejamos a seguir os regimes totalitários e autoritários.
Regimes totalitários 
O totalitarismo, fenômeno político do século XX, mobilizou de modo surpreendente grandes segmentos da sociedade de diversos países. O totalitarismo de direita, conservador, ocorreu, por exemplo, na Alemanha nazista e na Itália fascista: o de esquerda, de orientação comunista, desenvolveu-se na União Soviética , na China e no Leste Europeu.

 Nazismo e Fascismo



  • O Nazismo alemão e o fascismo italiano apresentavam algumas características principais em comum:
  •  O Estado interferia em todos os setores: na vida familiar, econômica, intelectual, religiosa e no lazer. Nada restava de privado e autônomo, em todos, o Estado difundia a ideologia oficial.
  • Não havia pluralismo partidário, instituição básica da democracia liberal, o partido único rigidamente organizado e burocratizado, promovia a identificação entre o poder e o povo.
  • O partido criou vários organismos de massas, sindicatos de todos os tipos, agrupamentos de auxilio mútuo, associações culturais de trabalhadores de diversas categorias, organizações de jovens, crianças e mulheres, círculos de escritores, artistas e cientistas .
  • A disciplina era exaltada. e a figura do chefe mistificada
  • Os poderes Legislativo e Judiciário estavam subordinados ao Executivo.
  • O Estado concentrava todos os meios de propaganda: o objetivo era veicular a ideologia oficial às massas, forjando convicções inabaláveis e manipulando a opinião pública. Para garantir uma base de apoio popular, geralmente apelava aos sentimentos e à imaginação das pessoas, e não à razão.
  • A formação da policia politica (Gestapo, na Alemanha, Organização para a Vigilância e a Repressão ao Antifascismo, a Ovra, na Itália), controlando um enorme aparelho repressivo.
  • Campos de concentração e de extermínio, como o de Auschwitz, na Polônia.
  • Controle de informações por meio da censura, tanto de noticias quanto da produção artística. e cultural.
  • Na educação de crianças e jovens, valorização das disciplinas de oral e cívica, visando à formação do caráter, de força à pátria, dava-se atenção especial à educação física, tendo em vista o ideal de corpos perfeitamente sadios.
  • O nazismo alemão teve conotação fortemente racista e baseava-se em teorias supostamente cientificas para valorizar a raça ariana, ou seja, um grupo que se considerava mais puro e superior, composto de pessoas brancas, altas, fortes e inteligentes: assim, justificavam-se a perseguição e o genocídio de judeus, de ciganos, considerados raça inferior, e de homossexuais, que seriam degenerados.
As doutrinas totalitárias influenciaram outros governos: em Portugal, com o controle do poder por Oliveira Salazar, e na Espanha , com o general Francisco Franco. Sob alguns aspectos, também tiveram reflexos no movimento da Ação Integralista Brasileira, fundada por Plínio Salgado em 1932.

Stalinismo
Segundo Marx, na fase transitória entre o capitalismo e a nova ordem deveria instalar-se a ditadura do  proletariado, que desaparecia com o tempo.
Na realidade, porém, após a Revolução Russa de 1917, diante da intenção de evitar a contrarrevolução, o fortalecimento do Estado na União Soviética já se verificava no governo de Lênin e recrudesceu quando Joseph Stalin subiu ao poder, em 1924.
O totalitarismo stalinista teve diversas características semelhantes ao nazismo e ao fascismo, como o partido único onipotente, a ausência de liberdade de imprensa e de expressão, a perseguição aos políticos dissidentes, reprimidos pela Tcheka, a policia politica e campos de trabalhos forçados , os gulags.
O escritor dissidente Alexander Soljenitsin, da então União Soviética, costumava referir-se a Stalin como Egocrata ( do grego, poder do eu), o ser todo poderoso que apaga a distinção entre a esfera do Estado e da Sociedade civil. Sua atuação fez com que o partido, onipresente, se incumbisse de difundir a ideologia dominante em todos os setores de atividades. Desse modo, ao mesmo tempo que mobilizava as massas,o totalitarismo, seja de direita, seja de esquerda, destrói autonomia dos indivíduos, ao arregimenta-los baseando-se em uma ideologia imposta pelo terror, a fim de evitar a dissidência: a espionagem onipresente, quer seja pela policia politica, quer seja pela atmosfera de delação até no núcleo familiar, expõe as pessoas a uma vigilancia permanente e à ameaça de expurgo, prisão, deportação e morte.
Após a morte de Stalin (1953), teve início o processo de desestalinização, quando foram criticados o dogmatismo e o culto à personalidade e denunciados os crimes e violência do regime.

Regimes autoritários
Os regimes autoritários costumam ser identificados indevidamente com os governos totalitários. O que há de comum entre eles é que ambos cerceiam as liberdades individuais em nome da segurança nacional, recorrem à maciça propaganda politica, exercem a censura e dispõem de aparelho repressivo.
Nos regimes autoritários, porém, não há uma ideologia de base que sirva para a construção da nova sociedade, nem há mobilização popular que lhe dê suporte. Ao contrário, em vez de doutrinação politica e de incentivo ao engajamento ativista( inda  que dirigido), prevalece a despolitização, que leva à apatia politica. O clima de repressão violenta gera medo, desestimulando a atuação politica independente. Sempre que possível, os governos autoritários procuram manter a aparência de democracia, permitem a existência de partidos de oposição, mas que atuam apenas formalmente. Mesmo o partido do governo é mero apêndice do Poder Executivo. 
O governo autoritário também utiliza os militares na burocracia estatal, e a elite econômica conta com oficiais das forças armadas nos postos- chave. Os militares saem do quartel para integrar a instituição politica mais importante da nação. Foi o que aconteceu por ocasião do golpe militar de 1964, que impôs o regime autoritário no Brasil durante duas décadas. Na América Latina, outros países também passaram pela experiencia autoritária, como o Uruguai e a Argentina.

Revendo os conceitos:
1- Quais são as diferenças entre autoritarismo e totalitarismo?
2- Porque a censura é incompatível com a democracia?
3- Leia esta afirmação: "Os homens normais não sabem que tudo é possível". Observe esta fotografia ao lado.         
Redija um texto estabelecendo uma correlação entre a fotografia e a citação acima.




(Tropas nazistas ouvem discurso de Adolf Hitler na cidade de Nuremberg, na Alemanha em 1934)